Minha relação com minha vida sempre foi muito conturbada. Nunca nenhuma das partes estava satisfeita. Quando não era uma coisa, outra vinha e atrapalhava o que deveria ser um harmonioso relacionamento.
Mas o que sempre me perturbou profundamente era o fato de que minha vida nunca desistia de nada, muito ao contrário de mim. Sempre desisti das coisas que pensava não conseguir alcançar. Quando achava que algo era muito difícil, nem pensava duas vezes, logo deixava para trás e tentava em vão, começar outro projeto.
Esse relacionamento nunca teve uma trégua. Sempre em grandes conflitos, nunca souberam como seria viver em paz. Amor então, nem se fala. Acho que a grande idéia de um conflito dá-se devido a idéias opostas. Quando alguma coisa não combina, logo surgem as brigas. A vida falava "vai em frente, arrisque" e eu pensava "vou pra onde?, arriscar o que?". O único sentimento igual, mas igual mesmo entre as duas partes era o orgulho. Sim, o orgulho!
Pelas duas partes, ninguém abria mão de suas opiniões. Pensava que se deixasse a vida me conduzir, perderia o controle, o que para mim seria uma sensação de tremenda humilhação. Como, eu, não saber o que fazer e deixar a vida fazer tudo? Como perder o controle de algo que é completamente meu? Como deixar que algo não-físico tenha mais força do que eu? Essas são as perguntas mais leves, ok?
Depois de viver 29 anos controlando tudo, percebi que não estava dando certo. Vi que não tinha uma vida feliz e que teria que mudar o mais rápido possível. Só que teria que engolir à seco o meu orgulho e dar todo o mérito para a vida, porque ela sim, soube como administrar toda a situação por todo esse tempo e, em nenhum momento, desistiu.
Tenho que, aqui, dar uma salva de palmas para a VIDA. Sempre grandiosa, sempre presente, sempre constante e sempre viva. Alerta, esperta, segura, confiante. Essas são as peças que ela nos prega. Ela não é nem um pouco enigmática e nem fica guardando segredos. Tudo dela fica à mostra, nós é que ficamos com esse jogo de se esconder.
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