A tristeza é um sentimento estranho.
Depois de um tempo sem que ela venha fazer uma visita, ela aparece sem ser chamada e entra gritando como se fosse dona do pedaço. Todos os outros sentimentos olham para ela como que fosse um espanto, já que fazia muito tempo que ela não aparecia. Parecia um encontro com aquela pessoa indesejada, em que você só olha e espera que o tempo do olhar passe o mais rápido possível.
Só que parece que ela quer ficar. E quer ficar puxando conversa. Tenta distrair a felicidade, depois vai até a harmonia e faz uma piada. Em seguida ela encontra a leveza. Essa aí olha pra ela e dá um pequeno sorriso. A tristeza não contente em bagunçar tudo, quer ir ter um papo cara-a-cara com a mente. Ela fica tentando fazer a mente lembrar de acontecimentos já há muito tempo superados, tenta fazer com que a mente entre em conflito. Quando vê que não está tendo sucesso, começa a jogar na cara de todo mundo o ela foi a única que ficou do seu lado quando você mais precisou. Quando todos de deram as costas, ela foi a única que ofereceu um ombro amigo. Conversou, deu conselhos. Ficou por tanto tempo habitando o interior que parecia que já morava lá há anos. Nem parecia que a alegria passou por lá. Nem por um instante.
Mas continuo a dizer que a tristeza é um bicho estranho. Ela se alimenta dos mais baixos sentimentos, das mais negativas sensações. E mesmo assim, em alguns lugares, ela reina absoluta. E nesses reinados absolutos, ela nem sente nenhuma ameaça de coisas boas. Está tão habituada com o local que acredita que nunca perderá a majestade.
Só que um dia ela perde. E ela fica desesperada. Enxerga o seu reinado se abrindo para o mundo. Recebendo novas sensações, novos sentimentos. E com isso ela começa a se desesperar. Tenta a todo custo chamar a atenção de todos e começa a ameaçar. Qualquer passo em falso e ela já logo tenta retomar o poder.
Mas como todo grande reinado, um dia acaba sucumbindo. Tudo que é absoluto um dia deixa de ser. Tudo que é forçado, um dia a máscara cai. E um dia até mesmo a tristeza sorri. E é aí que ela percebe sua eminente derrota. Mas não se esqueçam. Ela está dentro de você, louca para aparecer sem ser chamada.
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